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Todo mundo já deve ter comparecido a pelo menos um evento de networking, encontros promissores mas, inevitavelmente, embaraçosos, nos quais a maioria das pessoas chega com a expectativa de fazer novos contatos que possam ajudá-los na carreira, mas, acaba conversando com algum conhecido enquanto bebe um aperitivo no canto da sala.
Para um introvertido, esses eventos são aterrorizantes, mas acontece que esses eventos também não são tão eficazes assim para os extrovertidos. Muitos, não apenas os introvertidos, deixam essas reuniões sentindo que perderam seu tempo. Alguns podem até se perguntar o que há de errado com eles, já que continuam tentando, sem sucesso, maximizar seu tempo nesses eventos.
Mas o erro não é seu. É do próprio evento de networking.
Analisei dezenas de estudos sobre networking para o meu livro mais recente, e a conclusão geral é que esses eventos não cumprem o que prometem. A maioria das pessoas, quando colocada em uma situação em que o único objetivo é conhecer pessoas novas, tende a ficar dentro de sua zona de conforto. Isso significa conversar com pessoas que conhecemos… ou pelo menos pessoas que são semelhantes a nós. Isso significa que, pela sua própria concepção, a maioria dos eventos de networking está destinada ao fracasso.
Em um estudo notável sobre eventos de networking, os professores Paul Ingram e Michael Morris, da Columbia Business School, criaram um “misturador” social como parte do programa de MBA executivo da escola. Muitos dos convidados eram estudantes que, de fato, haviam feito campanha para que a Columbia University incluísse mais eventos sociais no currículo, de modo que eles pudessem se beneficiar da rica e diversificada rede de colegas. No total, cerca de 100 executivos, consultores, empresários e banqueiros se reuniram para comer e beber em uma noite de sexta-feira. Antes do evento, Ingram e Morris entrevistaram os executivos para saber quais dos convidados eles já conheciam e quais eram suas intenções e objetivos para o evento. Descobriram que, em média, cada convidado conhecia cerca de um terço dos outros convidados e que a maioria planejava usar o evento para conhecer pessoas novas.
Quando os convidados chegaram, os pesquisadores disseram-lhes para “agir normalmente”. Fale com quem você quiser, enquanto desfruta dos alimentos e bebidas. “Depois, os pesquisadores usaram crachás para monitorar quem conversou com quem. Como você já deve ter imaginado, a maioria dos executivos tendia a conversar com pessoas que já conheciam. Embora 95% dos executivos tenham expressado o desejo de conhecer pessoas novas, o participante médio passou metade do tempo com o terço das pessoas que já conheciam.
Nas raras ocasiões em que pessoas não se conheciam, a tendência era que elas fossem parecidas: consultores conversavam com consultores e banqueiros conversavam com banqueiros. Em termos de conversas novas e diversidade de conexões, o networker de maior sucesso no evento acabou sendo o bartender.
Se mesmo os executivos mais bem-intencionados não conseguiram conhecer pessoas novas o suficiente, fica claro que a atração da nossa zona de conforto é grande. Então, como podemos evitar essa atração? Acontece que a melhor estratégia seria simplesmente parar de tentar conhecer novas pessoas. Em vez disso, a probabilidade de estabelecer novas relações é maior dentro de um conjunto diversificado de indivíduos, focando mais em atividades específicas do que em relacionamentos. De acordo com Brian Uzzi, sociólogo e cientista de networking e Richard L. Thomas, professor de liderança e mudança organizacional na Kellogg School of Management, “Redes sociais fortes não são forjadas através de interações casuais, mas através de atividades de alto risco que conectam você com diversas outras pessoas. Em outras palavras, fazer contatos em um evento tem probabilidade bem menor de levar você a uma rede poderosa do que participar de projetos, equipes ou atividades que atraem um conjunto diversificado de pessoas.
O problema com os eventos de networking é que não há um propósito maior além de apenas conversar com as pessoas e, sem esse propósito maior — sem essa atividade de alto risco — há pouco incentivo para ir além das conversas que nos deixam à vontade. Quando os riscos são maiores, no entanto, acabamos precisando de mais do que os contatos existentes e as pessoas parecidas podem oferecer. Então, nos esforçamos para conhecer pessoas mais diversas.
Essas atividades de alto risco podem ser de vários tipos. Pode ser participar do conselho de uma organização sem fins lucrativos, organizar uma campanha de caridade, jogar em uma liga esportiva amadora, começar um novo hobby ou qualquer outra coisa que atraia um grupo mais diversificado do que o normal para trabalhar em direção a algo relativamente grande que não pode ser realizado individualmente.
O retorno sobre o investimento de tempo nesse tipo de atividade é muito maior do que apenas participar de um evento social (e isso sem considerar os benefícios para a saúde das atividades esportivas ou o benefício social de trabalhar com uma instituição de caridade). Então, esqueça dos eventos de networking. Você tem permissão para nunca mais participar de um… desde que esteja realocando esse tempo para o tipo certo de atividade compartilhada.
Fonte: http://hbrbr.uol.com.br/falte-no-proximo-evento-de-networking/
Editado em: 16.06.2018